sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Revista Crescer - Internet: ela estimula ou acomoda?

As crianças de hoje são, você sabe, “nativos digitais”. Para nós, que temos de lidar com essa naturalidade, sobram dúvidas: como controlar os cliques perigosos? O acesso fácil a tanta informação atrapalha a aprendizagem? Veja o que acha Ramón Salaverría, um dos grandes especialistas de internet na Europa

Graziela Salomão

A internet é uma janela de possibilidades e seu filho está exposto a ela. Porém, qual a melhor forma de protegê-lo? É possível que tanta facilidade, tanta informação disponível a qualquer momento “viciem” a criança a não querer aprender mais? Ou, ao contrário, estamos na melhor era para o conhecimento? O professor Ramón Salaverría, diretor do Laboratório de Comunicação Multimídia da Universidade de Navarra, na Espanha, acredita que proibir não é a maneira mais indicada de lidar com essa realidade virtual que já faz parte do universo de toda criança. Para ele, a palavra para garantir a segurança é conversa.

E não é apenas um olhar técnico. Ramón usa esse ingrediente em casa. Mesmo sendo uma das 25 pessoas mais influentes da internet espanhola, quando o assunto é educação os cuidados são redobrados. Pai de duas filhas, Aitana, de 6 anos, e Marina, de 3 (“as meninas mais bonitas do mundo, é claro!”), ele não as deixa brincar ou estudar sozinhas na internet. “Nessa idade, se possível, a navegação deve sempre ser realizada com a presença dos pais”, diz.

CRESCER: Suas filhas já nasceram totalmente inseridas nesse mundo da internet. Como você age com o acesso delas?

RAMÓN SALAVERRÍA: A Mariana ainda é muito pequena e não se interessa. Aitana, ao contrário, já usa o computador na escola para aprender a ler e realizar jogos lógicos. Em casa, compramos o mesmo programa didático, assim o contato doméstico é somente uma extensão de suas atividades na escola. Além disso, algumas vezes a ajudo a navegar pelo Starfall.com, um site norte-americano de conteúdo voltado exclusivamente para crianças entre 4 e 8 anos. Mas não a deixo navegar sozinha.

C: Na sua opinião, qual a maior preocupação dos pais em relação à internet?

R.S.: As preocupações variam em função da idade dos filhos. Mas algumas coisas são muito parecidas. Entre elas, o acesso a informações inapropriadas, o contato com desconhecidos e a difusão pública de conteúdos privados. Os perigos puramente tecnológicos, como vírus e programas maliciosos, assim como hábitos sedentários e a perda de tempo do estudo por causa do uso excessivo do computador, também preocupam muito.

C: E o que eles devem fazer para manter a segurança das crianças na internet?

R.S.: Não se pode protegê-las sob um clima de desconhecimento e desconfiança. A chave para uma boa proteção dos filhos não é tanto adotar medidas “policiais”, mas estabelecer um consenso no uso do computador e um clima de comunicação permanente. Para isso, é preciso aprender a usar as diversas aplicações da internet, de um simples e-mail até as redes sociais. A partir daí, estabelecer um diálogo franco com a criança sobre as possibilidades e ameaças da rede, alertando-a sobre condutas perigosas.


C: Como se aproximar dos filhos nessa discussão?

R.S.: Mais uma vez depende da idade. Até os 13 ou 14 anos, os pais têm a responsabilidade de determinar quanto tempo as crianças dedicam à internet e devem supervisionar o tipo de atividades que participam. Outro fator muito importante é que não convém colocar nas mãos das crianças tecnologias que elas ainda não têm maturidade para usar, como um computador com conexão direta e irrestrita.

C: Você acredita que há uma idade correta para se permitir o acesso livre para as crianças?

R.S.: Acho que o começo da adolescência pode ser um momento adequado para elas assumirem uma certa independência no uso dos recursos da internet. É quando, por exemplo, elas podem ter contas próprias de e-mails, perfis em redes sociais e coisas parecidas. Isso é, em essência, mais um passo na construção de seu amadurecimento pessoal.

C: Qual o ponto mais positivo e o mais negativo do uso da internet?

R.S.: A alfabetização digital prepara as crianças para um futuro no qual as tecnologias serão essenciais em sua vida pessoal e profissional. Uma criança que aprende a mexer em computadores desde cedo, no futuro terá maior capacidade de aprendizagem e adaptação a essa tecnologia. A parte negativa, além dos perigos da rede, é que, às vezes, pode limitar as formas mais tradicionais de socialização.

C: O ambiente virtual prejudica o desenvolvimento da criança de alguma forma? Ou, ao contrário, ajuda?

R.S.: Ter acesso à internet em um computador doméstico é como ter uma biblioteca de Alexandria em casa. É muito bom, uma vez que permite enriquecer o processo de aprendizagem. Mas, ao mesmo tempo, pode gerar uma sensação de que não é necessário apreender uma informação, porque sempre podemos encontrá-la a um clique de distância. Os pais devem ensinar aos seus filhos que a internet é um complemento do estudo e não o seu substituto.

C: O que os pais precisam aprender para conviverem com esse ambiente virtual?

R.S.: O esforço não é tão grande como parece. Trata-se, apenas, de se familiarizar com os aplicativos que são usados por bilhões de pessoas em todo o mundo: os e-mails, a navegação na web, as redes sociais, os blogs, as videoconferências. Uma forma inteligente é pedir aos próprios filhos que os ensinem a usar esses recursos. Assim, além de aprender, eles criam um canal maior de comunicação com eles.


5 dicas para uma navegação segura

1. Conheça as aplicações e os serviços que seu filho usa.

2. Busque sites apropriados para a idade da criança e combine com ela que esses serão os endereços permitidos. Caso descumpre a regra, explique os motivos pelos quais ela não poder acessar determinadas páginas. Apenas em último caso, instale filtros que controlem a internet.

3. Controle o tipo de conteúdo que seu filho coloca na internet, principalmente se forem fotografias.

4. Limite o tempo de navegação para abrir espaço a outras atividades de lazer e estudo.

5 Não coloque um computador no quarto do seu filho. Deixe-o em um lugar específico de estudo ou em um espaço onde ele encontrará mais pessoas quando estiver usando.

Editorial - Mogi News - 27/11/2009 - Jovens em risco

Pesquisa divulgada no decorrer desta semana pela mídia nacional trouxe uma informação que, assim se pode dizer, contraria o senso comum. Diz que as duas maiores cidades do País e também capitais, São Paulo e Rio de Janeiro, com toda a complexidade social que têm, estão fora da lista de lugares mais violentos para os jovens brasileiros.

O estudo foi feito em parceria do Ministério da Justiça com o Instituto Sou da Paz, do Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção ao Delito e Tratamento do Delinquente (Ilanud), e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), para apresentação pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma organização não governamental sem qualquer vínculo partidário e que tem como objetivo dar suporte à gestão da segurança pública no País.

A pesquisa envolveu os 266 municípios do País que têm população acima de 100 mil habitantes. O levantamento fez um diagnóstico da exposição de jovens, da faixa etária de 12 a 29 anos, à violência, em suas mais variadas formas, por meio do Índice de Vulnerabilidade Juvenil (IVJ). Três cidades da Bahia estão entre as dez piores; há ainda municípios do Espírito Santo, de Minas Gerais, de Pernambuco e do Pará no topo daqueles considerados mais críticos. Daí uma constatação dos pesquisadores: a exposição do jovem à violência é maior no Norte e Nordeste do Brasil.


Na contramão, os resultados obtidos pelo levantamento apontam para quatro cidades paulistas consideradas de menor vulnerabilidade para os jovens. São elas: São Carlos, Bauru, Franca e São Caetano do Sul, em São Paulo. Isto não quer dizer que por aqui o problema é menor. Pode se concentrar com maior grau em determinadas regiões mais problemáticas em se tratando de indicadores sociais, mas é fato que a violência está disseminada no País.


O índice de vulnerabilidade, para explicar, leva em conta vários dados socioeconômicos como número de homicídios, escolaridade, acesso ao mercado de trabalho, renda e moradia. Ou seja: a criminalidade, que acaba ceifando também vidas precoces, pessoas cheias de sonhos, tem ligação também com escola, pobreza, desigualdade, entre outros fatores sociais, que empurram uma parcela da sociedade para a marginalidade ou lhe tira a expectativa de vida, a esperança de oportunidades.

Com essa pesquisa, também foi divulgado um levantamento realizado pelo Instituto Datafolha sobre a percepção da violência entre os jovens. Os dados apurados são preocupantes. Este segundo estudo fez 5.182 entrevistas em 31 municípios de 13 Estados. Algumas conclusões, segundo informações divulgadas pela Folha Online: 31% dos jovens admitem ter facilidade para obtenção de armas de fogo; 64% deles estão expostos a algum risco ou história de violência e costuma ver pessoas, que não são policiais, portando armas.


Além disso, metade dos entrevistados declarou já ter presenciado algum tipo de violência policial e 11% deles disseram que isso é comum. Outros 88% declararam ter visto corpos de pessoas assassinadas; 8% afirmaram que pessoas próximas foram vítimas de homicídios. Ou seja: a violência está enraizada também no cotidiano dos jovens; eles não são somente vítimas de crimes como também convivem com a criminalidade no cotidiano.

A propósito, a pesquisa do Seade, divulgada nesta semana, revelou ainda que o perfil do jovem que está mais exposto a sofrer algum tipo de violência é típico e comum: de 19 a 24 anos, homens, negros. Para esses, recomendam os especialistas e sociólogos, deveriam ser criadas políticas públicas específicas. Mas como? Eis a questão.


Governantes falam muito, criam programas com nomes bonitos, mas que não conseguem tirar do papel, como aquele "Primeiro Emprego", do governo Lula, de que ninguém mais ouviu falar. Prometem investimentos em esportes, mas muitos atletas sequer têm condução para levá-los aos locais de treinamento. Investimentos têm sido feitos na educação para facilitar o acesso deles às universidades, isto é uma conquista, uma ressalva. Mas é muito pouco.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Reflexão - A vida é um grande bolo

Alice era uma criança que gostava de ajudar sua mãe a fazer bolo. Enquanto a mãe ia selecionando os ingredientes que pretendia utilizar, a menina prestava muita atenção em todo o material que era usado e deixava o bolo apetitoso. Ela aprendeu que, quanto mais ingredientes tinha o bolo, mais gostoso ele ficava.

Quando Alice cresceu, aonde quer que ela fosse ficava conhecida por saber fazer bolos deliciosos e, nos aniversários de parentes e amigos, era muito solicitada para confeccioná-los.

Ao perguntarem para Alice qual era o segredo dos seus bolos, o que é que os fazia tão saborosos, ela respondia: "O segredo está em saber misturar e aproveitar os ingredientes. Depois... é só saboreá-los."

Também a vida é assim... como um grande bolo, com inúmeros ingredientes de sabor e consistência diferentes. Se o bolo irá ficar saboroso ou não, vai depender de como serão aproveitados os ingredientes.

(Livro: Para que minha família se transforme; de Maria Salette e Wilma Ruggeri, pág. 28)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Opinião - Novas Gerações - Gazeta de Ribeirão - 25/11/2009

Novas gerações

O que vem acontecendo com nossos filhos? Estamos abismados com o crescimento da maldade que se instala nas portas de nossas casas e, no quanto, ainda não somos capazes de encontrar uma saída.

Quando vemos nossos filhos crescer, passamos a temer com quem ele anda, e por onde ele passa. São tantas as perguntas, são tantos os medos que nos esquecemos de nos fazer fortes o suficiente para questionarmos, educarmos e reconhecermos que somos responsáveis diretos pelo desalinho a que eles se deixam levar.

Passamos muito tempo nos preocupando com um futuro que nada mais é que uma demagogia barata e insana. Enquanto perdermos tempo com a vida consumista, estaremos nos distanciando dos nossos filhos e deixando de ensiná-los a se protegerem dos maus amigos e dos vícios que chegam através deles.

Afastemos a soberba em acharmos que brinquedos, escola e formação didática suprem a participação efetiva dos pais. É verdade que temos de dar a eles condições de serem auto-suficientes e, que a vida necessita de cultura, estimulo e continuidade. Mas como fazê-los homens ou mulheres formadores de opiniões se na base maior da vida eles desconhecem o que é ser uma família.

Aprendem tão somente que a vida é para ser vivida e que todas as experiências lhes serão boas. A maior verdade de ensinamento está na proximidade dos pais, na vitória do amor que consiga unir e transformar um lar em um palácio de tranquilidade e respeito.

Passamos muito tempo distantes de nossas crias! E quando percebemos já estão formados: não em uma universidade, mas donos de suas vontades e possuidores de tudo aquilo que não fomos capazes de lhes dar.

Mãos atadas! É assim que nos sentimos quando descobrimos que não os conhecemos e que eles fazem de suas vidas algo que não sonhamos para seu futuro. Aí, descobrimos que algo ficou para trás! Que não soubemos utilizar de maneira correta a infância dos nossos filhos.

Temos de orientá-los em uma visão que os aproximem da fé em Deus, não escolhendo a forma de sua fé, mas dando a eles conhecimento e informação suficiente para que saibam definir suas escolhas.

Uma averbação correta, uma postura respeitosa e a forma com que eles venham a lidar com suas futuras famílias é uma responsabilidade nossa. Façamos de nossas famílias o esteio de luz que os aproximarão da legitimidade de Deus e da formação abençoada de nossas novas gerações.

Eder Roberto Dias é autor do livro “O Amor Sempre Vence...”,
publicado pela Editora Gente.
Contato: ederoamorsemprevence@bol.com.br

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Artigo - Pequenos Adultos - Gazeta de Ribeirão - 13/11/2009

Pequenos adultos

Luciana Campaner
inbio@inbio.com.br


Não, crianças não são pequenos adultos e não deviam ser tratadas como tal.

As crianças de hoje são precoces em tudo: no desenvolvimento de múltiplos conhecimentos, na fala, na escrita, no uso do computador, na facilidade para lidar com a tecnologia. Se fosse só isso, tudo estaria muito bem. Mas essa geração vem acompanhando os adultos em muito mais do que isso.

As crenças que pregam ser a criança uma miniatura de adulto geram o surgimento de conceitos distorcidos, como o de que tudo o que serve para os pais serve, em menor grau, para os filhos. As roupas da moda, os sapatos de salto, os óculos escuros, as dietas alimentares, os dias cheios de compromissos estafantes, os remédios antidepressivos, os psicólogos e uma cobrança absurda em termos de ganhos escolares. Vejo nas revistas alguns atores de TV e cinema que vestem seus filhos exatamente como eles próprios, o que é aquilo ?

Criança possui um senso estético diferente. O que as atraem, em termos de roupa por exemplo, são as cores e as estampas dos personagens de desenho animado, por isso quando uma criança se veste sozinhas elas ficam todas coloridas, muitas vezes sem que uma peça combine com a outra.

A atividade física também é algo a se considerar. Sou totalmente a favor do esporte durante toda a vida mas tenho visto exageros. Aos 6 anos a criança atinge 90% do cérebro adulto enquanto o crescimento geral do corpo não atingiu nem a metade que ocorre pelos chamados estirões de crescimento. Nos primeiros dois anos, as crianças praticamente dobram sua altura, depois aos seis, crescem mais gradualmente quando aos sete ocorre um breve aumento da estatura chamado pelos especialistas em de "surto dos sete anos". É finalmente, na puberdade, que o ser humano define sua altura, último e definitivo impulso. A atividade física não competitiva, na justa medida durante a infância, entre outros benefícios, estimula a liberação hormonal e por consequência, o crescimento.

Um dos fatores mais importantes é deixar as crianças escolherem a modalidade esportiva, mas para isso é preciso criar oportunidade de conhecerem as atividades. O treinamento delas deve ser de forma lúdica do jeito que elas brincam. O pique - esconde, por exemplo, é um excelente exercício aeróbico! A produção da testosterona, hormônio ligado à força muscular, só começa a ser significativa na adolescência, razão teórica para o desaconselhamento de exercícios de força na primeira e segunda infância.

Deixem suas crianças serem crianças, moderem o volume de atividades para que sobre tempo para a fantasia.

(Luciana Campaner é psicóloga clínica e mestre em neurociências pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Site: www.inbio.com.br / E-mail: inbio@inbio.com.br)