quinta-feira, 24 de junho de 2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O sentimento de fazer parte

Pertencer a um grupo e contribuir com ele é muito importante para a evolução da criança

EM PLENA COPA de futebol as crianças não pensam em outra coisa. Elas já fizeram álbuns e trocaram figurinhas de jogadores, já montaram seu próprio time como se fossem técnicos, contestaram algumas convocações, entraram em bolões e, agora, acompanham os jogos e completam suas tabelas.

Em dia de jogo, elas se transformam. Ficam ansiosas até o início da partida, torcem, soltam palavrões, reclamam, discutem a escalação dos jogadores e a atuação do juiz e comemoram ou choram os resultados.


Observar o envolvimento das crianças nessa competição é surpreendente, já que os argumentos que elas têm para defender suas opiniões quase sempre são colocados com propriedade, participam com alegria de tudo o que envolve a Copa e procuram estar sempre bem informados dos acontecimentos.

As crianças foram contaminadas pelo entusiasmo geral dos adultos, a começar pelo dos próprios pais.

Ninguém precisou falar mais de mil vezes para elas que tal acontecimento esportivo é importante e que, por isso, deveriam se interessar. E não foi preciso sentar com elas durante horas para que encontrassem as notícias que queriam.

Por que será que isso acontece com as crianças nesse momento? Elas não nascem com interesse pelo futebol: aprendem isso.

E, da mesma maneira, elas não se entregam a esse interesse apenas por prazer considerando que, muitas vezes, sofrem por causa dele.

O que mobiliza a criança a entrar nesse clima certamente é o chamado sentimento de pertença. Fazer parte de um grupo, dar a ele sua contribuição possível, encontrar o seu lugar e nele ser reconhecido são elementos muito importantes para o desenvolvimento da criança.

Entretanto, muitas famílias não se dão conta desse fato e pouco fazem para que os filhos, desde pequenos, percebam que pertencem àquele grupo.

Na correria em que se transformou a vida nas cidades, as famílias têm poucas oportunidades para se reunir. Uma delas é no horário das refeições. Isso pode não acontecer todos os dias, mas, certamente, algumas vezes na semana a família, caso se esforce para isso, consegue se encontrar em torno da mesa. 

Não é nada incomum que os filhos, nessa hora, recusem a participar da refeição. Bons motivos eles sempre têm: é o jogo no videogame, é o encontro com a amiga, é a chamada urgente ao telefone etc. Eles não se dão conta da importância de sua presença nos encontros familiares.

Muitos pais, para evitar conflitos e confrontos e, inclusive, para garantir seu próprio sossego na hora da refeição, não relutam em permitir que os filhos se ausentem, ou pouco se esforçam para trazê-los ao evento.

Esses pais não têm ideia de que, quando agem dessa maneira, passam uma mensagem ao filho: a de que a presença dele na família é descartável, de que não tem importância alguma.

Muitos desses pais acreditam que quando consentem que seus filhos não valorizem os encontros familiares fazem o bem para eles. Mas observar a participação das crianças no clima da Copa é o suficiente para perceber o quão importante é, para elas, fazer parte do grupo em que vivem.

No início, é preciso insistir e até exigir a presença dos filhos, mesmo que isso os desagrade. Claro que essa exigência deve ser menor à medida que eles crescem, porque vão assumindo a própria vida. Mas, inclusive na vida adulta, a sensação de pertencer a uma panelinha familiar, mesmo à distância, é algo precioso, que ajuda a viver.

ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha) blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
roselysaya@uol.com.br

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Opinião - Por que é importante a escola?

Publicado na Gazeta de Piracicaba, de 18/06/2010

O texto é pequeno, simples e objetivo. Leiam com a atenção necessária nas entrelinhas o que diz esta pequena leitora.

Nós aprendemos a ler e escrever. Ganhamos muitos livros legais. Além disso, temos professoras ótimas, como a minha professora Valéria. E o Vitor é de Educação Física e a minha professora de Artes, a Gisele, está no lugar da Sara. Além disso, temos uma biblioteca, que é muito legal e cheia de livros. Nós temos uma quadra enorme para fazer educação física.

Por que a escola é importante? Por que lá os professores ensinam bem, e eu converso com alunos de outras classes e eles estão felizes como os seus professores estão explicando as matérias. Lá, as crianças aprendem a dividir suas coisas, como, por exemplo, na hora do recreio sentamos juntos e dividimos o lanche. Lá, podemos sonhar e brincar, e ao mesmo tempo em que sonhamos, aprendemos.

Por fim, a escola é importante por que ela é o lugar que eu posso viajar para o mundo do faz de contas sem sair do lugar. É por isto que eu amo a escola.

Beatriz Meitling Pinto, oito anos, estudante do 3º ano A,
da escola Francisca Elisa da Silva.

sábado, 12 de junho de 2010

Opinião - Amor e Relação

Publicado em Gazeta de Piracicaba, de 12/06/2010

Varuna Viotti Victoria 
escolanossoninho@terra.com.br

O amor certamente nunca obedece a uma equação matemática. Se assim fosse a ordem dessa equação seria razoavelmente simples: uma pessoa com determinadas qualidades e características amaria outra também com os mesmos requisitos. Não acontece dessa forma. Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem porque se assim o fosse ,os honestos, os simpáticos e tantas outras pessoas dotadas de inúmeras qualidades nunca estariam sozinhas.

Na maioria das vezes, amar não implica obedecer à razão. O amor, quando acontece, envolve empatia, um certo magnetismo e até mesmo quem sabe conspirações superiores. Não se ama alguém por ser educado, por se vestir bem, por ser fã de cantores que também gostamos. Ama-se pelo cheiro, pelo encantamento, pelo mistério a se desvendar sobre a pessoa amada, pela paz ou até mesmo pela inquietação que o outro produz em nós. O amor considera tom de voz, a maneira de falar, os gestos, a fragilidade e fortaleza traduzidas ao longo da convivência, o sorriso, enfim as nuances do comportamento da pessoa que nos provocar o amor. Essa é a primeira etapa no processo de amar.

Amar alguém requer também um longo e árduo aprendizado. Implica unir mundos diferentes e muitas vezes essas diferenças são quase incompatíveis mas quando há amor acha-se uma forma de fazer com que elas sejam mais uma forma de aprendizado mútuo.

O amor tem várias faces e a primeira delas, a paixão, talvez seja a mais forte mas também a mais simples face do amor. Forte, poderosa, cheia de emoções mas bastante efêmera se não houver um investimento real para se passar ao passo seguinte que é a descoberta de algo além da paixão. Apaixonar-se é diferente de amar alguém. A paixão, segundo especialistas tem tempo determinado de duração e, se uma relação se baseia apenas nela, se não houver um investimento e principalmente um sentimento maior, o tempo dessa paixão termina segundo estudiosos em no máximo dois anos de convivência.

Pesquisas mostram que nos dias de hoje o amor está em baixa total. Um número muito grande de casais não passam da etapa da paixão e casamentos e uniões se desfazem após esse período. A paixão não consegue segurar os problemas e as dificuldades que um relacionamento a dois implica. O amor sim. Quando existe um amor de verdade os problemas, por maiores que sejam, podem ser superados porque existem objetivos comuns, desejo de vida parecidos mas somente a paixão não resiste ao dia a dia de uma vida em comum.

Infelizmente, mesmo com o amor em baixa e com relações tão efêmeras como as que existem hoje, esses casais acabam tendo filhos e por não existir o amor, separações são feitas de forma banal, por motivos fúteis e os filhos acabam pagando um preço alto por tudo isso.

É importante que jovens sejam educados em casa, pela família e também pela escola para que aprendam o que implica amar alguém de verdade. Que aprendam a diferenciar uma paixão, uma ficada como dizem eles hoje, de um sentimento verdadeiro que requer maturidade para ser vivido plenamente.
Esse aprendizado é iniciado num amor verdadeiro entre os pais que possa servir de exemplo aos filhos para que eles futuramente, saibam identificar um amor de verdade quando ele aparecer em suas vidas.

Varuna Viotti Victoria, pedagoga

sábado, 5 de junho de 2010

Artigo - Nas estrelas

Publicado em 05/06/2010, no Comércio da Franca

A televisão Globo vem apresentando a novela "Escrito nas Estrelas', de autoria da escritora Elizabeth Ghin. A novela tem uma temática declaradamente espiritualista e explora veios relacionados com a Doutrina Espírita, como a imortalidade, comunicação dos espíritos (mediunidade) e reencarnação.

É evidente que estes temas não são criação do Espiritismo. Já eram do conhecimento da humanidade antes que a Doutrina Espírita fosse codificada. Entretanto, somente com o advento do Espiritismo é que as Leis inerentes a estes temas foram reveladas e devidamente entendidas. O papel importante do Espiritismo é reunir toda a temática básica da Doutrina e torná-la conhecida da humanidade; e sem proselitismo, isto é, sem forçar ninguém a aceitar seus postulados. Oferece o conhecimento mas deixa a cada um a decisão da escolha.

E quais são os postulados do Espiritismo? São 6, os principais: Deus, Imortalidade do Espírito, Comunicabilidade dos Espíritos, Reencarnação, Pluralidade dos Mundos Habitados e Moral Evangélica, segundo o que nos ensinou Nosso Mestre Jesus. E, neste último aspecto é que está o grande papel esclarecedor e motivador da Doutrina Espírita. Sim, porque, conforme nos ensina Allan Kardec na Codificação, 'Conhece-se o Verdadeiro Espírita pela sua transformação moral'. Assim, espírita não é o que frequenta o centro, que ouve ou pronuncia palestras, que toma passe, que usufrui da água fluidífica. Espírita, verdadeiramente, é o que aplica em si próprio os princípios redentores da Doutrina. É por isso que vemos muitas pessoas aderindo a alguns postulados da Doutrina, como por exemplo à mediunidade, à reencarnação, e que, contudo, não se podem dizer espíritas.

Estas pessoas querem continuar com os seus antigos hábitos e milenares vícios sem comprometimento com a mudança. Do que adianta dizer-se reencarnacionista, sem tentar viver como espírito reencarnado, em luta consigo mesmo, fazendo o 'bom combate', como diria o Apóstolo Paulo.

Entretanto, é bom que a novela aborde aspectos da Doutrina. Que fale de espiritualidade e Espiritismo despertando o homem para uma realidade que tem sido negligenciada pela própria TV, muitas vezes a maior indutora ao materialismo, no seu viés consumista, do oportunismo.

É bom que a TV mostre cenas do mundo espiritual alertando para a sobrevivência do espírito, acordando o homem para a outra dimensão da vida. Assim, quem sabe, acordando da letargia em que se encontra, possa construir um mundo melhor segundo o desejo do Senhor. Um mundo de irmãos, governado pela fraternidade.

Felipe Salomão
Bacharel em Ciências Sociais e diretor do
Instituto de Divulgação Espírita de Franca (IDEFRAN)