Artigo publicado em 01/03/2011, no caderno Equilíbrio, do jornal Folha de S.Paulo
Além de remédios e cuidados, filhos doentes precisam da serenidade e da paciência dos pais
PAIS DE CRIANÇAS sempre estão às voltas com doenças de seus filhos. Ora é uma gripe, uma infecção de garganta, febre, tosse, dificuldades respiratórias, dor de barriga, diarreia etc. Ah! E sempre é preciso contar também com pequenos ferimentos, fruto de quedas, tropeços e até de pequenas brigas.
Em toda casa em que há crianças, há sempre uma pequena farmácia: xaropes, antitérmicos, termômetro, inalador, umidificador de ar, gaze, esparadrapo, entre outros medicamentos e apetrechos, têm presença quase obrigatórias nessas casas.
É comum criança pequena perder a fome quando adoece. É que seu organismo precisa de energia para lutar contra a doença e não pode desperdiçá-la com o trabalho digestivo, não é verdade?
Mas uma gostosura feita com pouco açúcar e muito afeto sempre dá uma força extra para a criança.
A criança, quando está doente, precisa de muita, muita atenção e de carinho de seus pais ou parentes queridos. É que, com a doença, por mais simples que ela seja, chegam sensações não muito agradáveis de se conviver. A insegurança, o medo, a sensação de desamparo e a inquietação são algumas.
Se o adulto sente tudo isso nessa hora, por que haveria de ser diferente com os mais novos?
Então, além da visita ao médico de confiança e dos cuidados e remédios que ele prescreve, tudo o que o filho precisa nessa hora é da serenidade dos pais, de sua firmeza ao dar os remédios receitados e de muita, muita paciência deles. Colo: é disso que a criança precisa e quer.
Colo conforta, colo alegra, colo energiza a criança debilitada. E quando digo colo não me refiro apenas ao ato de pegar a criança.
Ler uma história para ela, relembrar um episódio engraçado, passar a mão em sua cabeça e até encorajá-la nas piores horas são excelentes remédios -ou melhor, colos- que os pais podem dar a seus filhos como uma ajuda importante em busca da recuperação da criança.
A base do excelente trabalho do grupo "Doutores da Alegria" é exatamente essa.
Mas, e quando os pais trabalham e não podem se ausentar de seus compromissos profissionais? Bem, se a realidade é essa, sempre é possível encontrar maneiras de se fazer presente na vida do filho mesmo na ausência.
Pequenos bilhetes carinhosos deixados com ele, telefonemas rápidos só para desejar melhoras, as refeições preferidas dele deixadas prontas são alguns exemplos. É bom lembrar que a casa, para a criança, representa seus pais, mesmo quando eles lá não estão. Por isso, só o fato de estar em casa já é um conforto.
Hoje, não é em casa que muitas crianças doentes ficam. Elas são levadas para a escola por seus pais. E pasme, caro leitor: algumas mães levam junto com o filho doente a receita médica e os remédios para que os professores deem para a criança. E mais: algumas mães até dizem que precisam que a escola faça isso porque elas próprias não conseguem. Lugar de criança doente não é na escola! Para a segurança física e emocional dela, convém lembrar.
Quem tem filhos deve saber que uma hora ou outra uma doença sem gravidade vai aparecer. E que isso significa noites mal dormidas, cansaço a mais, dedicação e cuidados especiais e mudança na rotina familiar. Não há como ser diferente.
Essas doenças leves logo passam. Mas a sensação de abandono que a criança doente deixada na escola por seus pais sente pode ficar.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de
"Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)
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