sexta-feira, 24 de abril de 2009

Reportagem: Opinião - A base de poder enquanto pai ou mãe, Jornal Gazeta de Piracicaba, de 24/04/2009

De Varuna Viotti Victoria

John Gottman em seu livro “Inteligência Emocional e a arte de educar nossos filhos” enfatiza e analisa a base de poder como o elemento de relação entre pais e filhos, que permite aos pais colocarem limites na educação de seus filhos.

Esta colocação de limites é algo que toda criança quer e sente necessidade. É importante que os pais encontrem o caminho adequado para estabelecer esta base de poder na educação de seus filhos.

Pais que usam como base de poder a ameaça, a humilhação e o castigo físico, provavelmente vão encontrar nos filhos o desejo de vingança e não a vontade de agradá-los.

Da mesma forma, pais permissivos, que sentem que não têm nenhuma base de poder com os filhos, vão encontrar sérias dificuldades na educação familiar.

Para os pais preparadores emocionais a base de poder é o elo que existe entre eles e seus filhos.

O respeito e a afeição são de grande importância neste processo..

É crucial desmerecer e humilhar a criança quando se quer corrigi-la. Uma relação familiar deve ser baseada na confiança e não na intimidação.

Pais acostumados a agredir seus filhos e humilhá-los para corrigi-los podem modificar esta postura desde que se dediquem a esta mudança.

Três aspectos são essenciais para quem quer fazer esta mudança na relação com os filhos:

1- Todos os sentimentos são permissíveis mas nem todos os comportamento o são.

2- A relação pais-filhos não é democrática. Cabe aos pais determinar os comportamentos permissíveis.

3- Com os filhos adolescentes e pré adolescentes os pais podem discutir diretamente estas questões de base de poder. Devem estabelecer as regras e quais as conseqüências da transgressão a partir de uma negociação respeitosa.

Os pais não devem e não podem ter medo de serem firmes, pois como pessoas mais amadurecidas sabem melhor quais são os comportamentos de risco.

Pesquisas mostram que a criança cujos pais sabem com quem ela anda, o que ela faz e por onde anda é menos sujeita a comportamentos de risco, a usar drogas e cometer delitos e crimes futuramente.

Se necessário, estes pais devem recorrer à terapia familiar. O desenvolvimento natural do ser humano é uma grande força positiva. O cérebro de uma criança é naturalmente programado para procurar segurança, amor, conhecimento e compreensão.

Os filhos desejam ser afetuosos e altruístas. Desejam explorar o que os cerca, saber o que é certo e o que é errado. Querem acertar e os pais, com todas as forças naturais do seu lado, podem confiar nos sentimentos dos filhos e devem saber que não estão sós neste processo. Devem estar cientes de que preparar um filho emocionalmente requer um trabalho interior constante, e mesmo nesta loucura de vida que levamos é imprescindível acharmos um tempo para nos dedicarmos a este trabalho.

Estabelecer e manter uma adequada base de poder na relação com os filhos é o fio da meada para todo o preparo emocional que podemos oferecer a eles.

Varuna Viotti Victoria é pedagoga.

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