Publicado em Gazeta de Piracicaba, de 12/06/2010
O amor certamente nunca obedece a uma equação matemática. Se assim fosse a ordem dessa equação seria razoavelmente simples: uma pessoa com determinadas qualidades e características amaria outra também com os mesmos requisitos. Não acontece dessa forma. Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem porque se assim o fosse ,os honestos, os simpáticos e tantas outras pessoas dotadas de inúmeras qualidades nunca estariam sozinhas.
Na maioria das vezes, amar não implica obedecer à razão. O amor, quando acontece, envolve empatia, um certo magnetismo e até mesmo quem sabe conspirações superiores. Não se ama alguém por ser educado, por se vestir bem, por ser fã de cantores que também gostamos. Ama-se pelo cheiro, pelo encantamento, pelo mistério a se desvendar sobre a pessoa amada, pela paz ou até mesmo pela inquietação que o outro produz em nós. O amor considera tom de voz, a maneira de falar, os gestos, a fragilidade e fortaleza traduzidas ao longo da convivência, o sorriso, enfim as nuances do comportamento da pessoa que nos provocar o amor. Essa é a primeira etapa no processo de amar.
Amar alguém requer também um longo e árduo aprendizado. Implica unir mundos diferentes e muitas vezes essas diferenças são quase incompatíveis mas quando há amor acha-se uma forma de fazer com que elas sejam mais uma forma de aprendizado mútuo.
O amor tem várias faces e a primeira delas, a paixão, talvez seja a mais forte mas também a mais simples face do amor. Forte, poderosa, cheia de emoções mas bastante efêmera se não houver um investimento real para se passar ao passo seguinte que é a descoberta de algo além da paixão. Apaixonar-se é diferente de amar alguém. A paixão, segundo especialistas tem tempo determinado de duração e, se uma relação se baseia apenas nela, se não houver um investimento e principalmente um sentimento maior, o tempo dessa paixão termina segundo estudiosos em no máximo dois anos de convivência.
Pesquisas mostram que nos dias de hoje o amor está em baixa total. Um número muito grande de casais não passam da etapa da paixão e casamentos e uniões se desfazem após esse período. A paixão não consegue segurar os problemas e as dificuldades que um relacionamento a dois implica. O amor sim. Quando existe um amor de verdade os problemas, por maiores que sejam, podem ser superados porque existem objetivos comuns, desejo de vida parecidos mas somente a paixão não resiste ao dia a dia de uma vida em comum.
Infelizmente, mesmo com o amor em baixa e com relações tão efêmeras como as que existem hoje, esses casais acabam tendo filhos e por não existir o amor, separações são feitas de forma banal, por motivos fúteis e os filhos acabam pagando um preço alto por tudo isso.
É importante que jovens sejam educados em casa, pela família e também pela escola para que aprendam o que implica amar alguém de verdade. Que aprendam a diferenciar uma paixão, uma ficada como dizem eles hoje, de um sentimento verdadeiro que requer maturidade para ser vivido plenamente.
Esse aprendizado é iniciado num amor verdadeiro entre os pais que possa servir de exemplo aos filhos para que eles futuramente, saibam identificar um amor de verdade quando ele aparecer em suas vidas.
Varuna Viotti Victoria, pedagoga
Nenhum comentário:
Postar um comentário